Cola UV para vidro é um tipo de adesivo que chegou ao Brasil em 1992. Ainda assim, ele continua um ilustre desconhecido da maioria das pessoas.
Nesse post da Aledrine, você vai aprender tudo de que precisa para colar vidro ou usar peças coladas em seus projetos.
Cola UV é um tipo de adesivo acrílico monocomponente e livre de solventes cuja cura é iniciada a partir de radiação ultravioleta. E esses adesivos são quase perfeitos para colar vidro.
Antes das colas UV, para se colar vidro, era necessário usar silicones. E eles não apresentam boa transparência. Além disso, são flexíveis após a cura. Com isso, uma montagem usando silicones precisa ser estruturada pela geometria, como um aquário, por exemplo.
As colas UV, por outro lado, apresentam uma resistência alta para colagens em vidro, frequentemente superando tensões de 2000 psi, quase 14 N/mm2, o que permite colagens estruturais, dependendo das áreas efetivas de colagem.
Além disso, o índice de refração da cola UV curada é de cerca de 1,49 enquanto o do vidro é de cerca de 1,52. Essa proximidade, junto com o fato da cola UV ser muito incolor e transparente, torna as colagens praticamente invisíveis, especialmente quando o contato entre as peças é preciso.
A viscosidade mede o quanto um fluido demora para escorrer. E as colas UV podem ser formuladas para ter desde a viscosidade próxima à da água até à da cola quente.
Mas, em geral, há colas UV de baixa, média e alta viscosidade.
As colas UV de baixa viscosidade são bem líquidas. São, portanto, boas para dois tipos de colagem principais:
As colas UV de média viscosidade são as mais utilizadas para colar vidro manualmente. Isso por 4 motivos:
As colas UV de alta viscosidade são pouco usadas no Brasil. E o motivo principal é a falta de disponibilidade.
Elas são especialmente úteis quando é preciso colar uma peça que está na vertical. Isso devido à propriedade chamada tixotropia.
Fluidos tixotrópicos não escorrem. Com isso, o desperdício de adesivo diminui e a necessidade de limpeza posterior, também.
No Brasil, é muito comum que se chame as colas UV de baixa viscosidade de vidro-vidro e as de média viscosidade de vidro-metal.
Isso se deve a como esses adesivos eram utilizados logo que chegaram ao Brasil e a uma confusão de nomenclatura.
Os dois adesivos, o vidro-vidro e o vidro-metal, têm adesão semelhante nas tanto em um tipo de colagem quanto no outro.
As colas UV têm uma resistência bastante elevada. Mas, ainda assim, essa resistência pode variar bastante de acordo com a formulação, de 500 a 5000 psi, ou mais.
Mas os adesivos comercializados para colagem de vidros costumam ter resistência entre 1000 e 2000 psi, ou seja, de 7 a 14 N/mm2.
Por resistência, entenda-se tensão de ruptura, tanto de tração quanto de cisalhamento.
É possível melhorar a adesão da cola UV para diferentes materiais (ou substratos). Mas é frequente que o adesivo que funciona bem para um tipo de material não funcione tão bem em outro.
Vidro, alumínio, aço inox, acrílico, PVC, entre outros materiais.
A velocidade de cura pode se modificada de acordo com os fotoiniciadores utilizados. Mas essa velocidade depende fortemente da intensidade e frequência da radiação aplicada sobre o adesivo.
Os fotoiniciadores são os responsáveis por iniciar a reação de polimerização. Essa reação cria as ligações químicas que fazem o adesivo endurecer e unir as peças de vidro.
Mas cada iniciador funciona em uma estreita faixa de frequência. Isso significa que a o emissor de luz UV, seja uma lâmpada, uma lâmpada fluorescente ou um conjunto de LEDs, precisa emitir o comprimento de onda correto para aquele fotoiniciador.
Ou seja, nem toda luz UV cura qualquer cola UV.
Os artistas plásticos logo perceberam as possibilidades das colas UV. E vários deles usam cola UV tanto para a montagem das obras, quanto para fixar peças de vidro antes de irem a um forno, como no caso do Fusing, por exemplo.
Móveis em que o vidro é o elemento principal ganharam uma nova dimensão com as colas UV. A redução da necessidade de ferragens, furos e fixações para estruturar os móveis acabou mudando muito sua concepção.
Transparência e leveza passaram a ser levados ao extremo, sem abrir mão da segurança, da resistência e da durabilidade.
Peças de decoração, como nichos, prateleiras e até utensílios como bandejas, ganharam muito em beleza e sofisticação.
Prateleiras coladas diretamente em espelhos, nichos e cristaleiras sem praticamente ferragem alguma.
O uso do vidro na decoração ganhou impulso a partir do uso de colar UV.
A indústria de troféus tem na cola UV um item de primeira necessidade. Isso porque reduziu muito o tempo de produção, furações, ferragens, e ainda deixou as peças mais bonitas e resistentes.
As colas UV revolucionaram a montagem de vitrines e expositores para produtos.
A elegância e a sofisticação dos expositores valoriza os produtos expostos e os colocam em evidência. Atraem o olhos dos clientes sem tirar a atenção do principal, que é o produto.
As joalherias são extremamente exigentes nesse sentido e o uso de cola UV em seus expositores é um padrão internacional.
Menos utilizados hoje em dia, os apliques de vidro eram peças de vidro lapidado decorativas que eram coladas sobre espelhos, imitando espelhos venezianos.
Esse tipo de colagem era comum quando as primeiras colas UV chegaram ao Brasil. Esses apliques eram colados com cola UV de baixa viscosidade e foi por causa deles que essas colas passaram a ser chamadas de colas vidro-vidro. Para diferenciá-las das colas mais viscosas usadas para colar pés de mesa, por exemplo.
Quando utilizar a cola UV para colar a borda do vidro, para fazer prateleiras, aparadores, caixas, expositores ou nichos, a lapidação do vidro é de extrema importância.
É preciso que a empresa que vai preparar esses vidros pra você saiba que eles serão colados.
A lapidação ideal é a lapidação reta polida. Ela é feita em lapidadoras que utilizam rebolos de copo, ou que ajuda a garantir a planicidade da peça.
Essa lapidação costuma ser feita “quebrando os cantos” para evitar cantos vivos, que podem causar acidentes e facilitar a ocorrência de trincas e lascas.
Com isso, um vidro de 10mm, por exemplo, fica com uma superfície de colagem de cerca de 8mm. O de 8mm fica com 6mm, e assim por diante.
Por isso, para colagens de borda, o ideal é utilizar, pelo menos, vidro de 8mm.
É possível colar vidros de 6mm em uma peça geometricamente mais estruturada, como uma caixa, por exemplo.
Para vidros de 4 ou 5mm, o ideal é usar um bom cortador e uma régua e colar peças bem cortadas, sem lapidação e não muito grandes.
Para colagens de vidro com cola UV, dificilmente se usa vidro temperado. Isso porque o vidro temperado sempre apresenta algum abaulamento.
Isso faz com que colagens de 30 ou 40cm de comprimento já apresentem problemas de contato com uma peça plana.
Assim, normalmente, só se utiliza vidro temperado se a colagem tiver pequenas dimensões. Não ultrapassando 10 a 15cm.
A cola UV não é boa para cobrir folgas. Um vão de 1mm entre as duas peças já pode resultar em bolhas e comprometer a transparência e a resistência da colagem.
Por isso, colagens que, aparentemente, são simples, como caixas de vidro, por exemplo, podem se tornar um grande problema. Isso porque, normalmente, há peças que ficam por dentro e outras que ficam por fora na colagem.
Então, qualquer diferença de formato ou medida entre as peças pode inviabilizar a colagem ou prejudicar muito o resultado.
Essa precisão é necessária e pode encarecer bastante os vidros. Isso porque quem os produz precisa mudar seu fluxo de trabalho para evitar erros, desperdícios e retrabalhos.
Ao colar ferragens no vidro, há cuidados importantes a serem tomados:
Para fazer a colagem com cola UV, é necessário reunir todos os materiais antes da colagem:
Antes de iniciar a colagem, é preciso conferir as medidas das peças. Verificar os ângulos. Se houver peças de metal, é preciso verificar se são o mais planas possível.
Se duas peças de vidro precisam ser iguais, coloque uma sobre a outra para conferir se são realmente iguais.
A lapidação precisa ser plana, polida e o mais perpendicular possível com a face do próprio vidro. Essa perpendicularidade é difícil de obter e pode obrigar você a utilizar o esquadro, para que não haja problemas para encaixar as peças internas.
Essas verificações são importantes para tomar decisões antes de iniciar a colagem:
Um local limpo, arejado e bem iluminado pode facilitar muito o trabalho.
Ter as ferramentas à mão é muito útil. E um ajudante pode fazer toda a diferença em alguns momentos.
Uma boa bancada, de tamanho e resistência adequados às peças que serão coladas é importante.
Entretanto, algumas peças precisam ser coladas no local em que serão utilizadas. Uma vez coladas, algumas peças ficam grandes, pesadas e podem trincar durante o transporte.
Nesse caso, é normal trabalhar com as peças apoiadas em um piso plano recoberto com alguma proteção.
A limpeza das peças deve ser feita com um algodão umedecido em álcool e outro seco. Para áreas maiores, pode-se usar tecido ou papel.
É preciso retirar toda a gordura, poeira e restos de outros adesivos, se for o caso.
É importante não deixar o álcool evaporar sozinho. O algodão seco deve ser passado em seguida ao umedecido, para que a sujeira removida não se fixe novamente à peça.
A cola de baixa viscosidade é mais utilizada em duas ocasiões.
Se há a necessidade de colar uma peça grande:
Nesse caso, usar a cola de baixa viscosidade vai facilitar a tarefa de eliminar bolhas de ar entre as peças. Isso é feito com pouca pressão e pequenos movimentos circulares.
Algumas pessoas preferem posicionar as pecas primeiro para, depois, introduzir a cola. Para pequenas áreas ou bordas de peças de vidro, a cola UV de baixa viscosidade é perfeita.
Você pode encostar as peças e, quando tiver certeza de que a posição está correta e o contato é perfeito, pode passar a cola lateralmente, na junção entre as peças. A cola UV vai penetrar entre as peças e, então, você pode aplicar a luz UV.
Para reparar uma trinca, não há outra forma de colar, uma vez que é impossível separar as peças sem danificar ainda mais o que se quer restaurar.
No caso da viscosidade média, o ideal é aplicar a cola na peça de área menor. Então, posiciona-se a peça sobre a peça maior e, mantendo-as corretamente posicionadas, aplica-se a luz UV.
Quando há muita cola sobrando para fora da área de colagem, pode ser necessária uma limpeza antes de aplicar a luz UV.
Se isso não for feito nesse momento, pode ser bastante difícil de limpar a cola curada depois.
Há três problemas que devem ser evitados nessa limpeza:
A luz utlravioleta deve se aplicada de forma menos inclinada possível em relação ao plano de colagem. Há dois motivos para isso:
A fonte de luz precisa ter a frequência correta para curar a cola. Para garantir isso, basta comprar o equipamento em uma loja especializada.
Luz negra, lâmpada para aquário, lâmpada UV para indústria gráfica, deixar secar ao sol. Nada disso é aconselhável se você quiser ter controle sobre a colagem realizada.
O tempo de cura depende da intensidade da fonte luminosa, da distância entre a fonte e a cola, da transparência do vidro, da espessura do vidro.
Para vidros transparentes e lâmpada fluorescente de 40W, o ideal é deixar curar por 1 minuto para cada milímetro de espessura do vidro: 6mm, 6 minutos. 8mm, 8 minutos. E assim por diante.
Mas fatores como a cor do vidro, revestimentos no vidro, pinturas, podem exigir um tempo de cura maior ou mesmo inviabilizar a cura.
A saída, nesse caso, é utilizar um adesivo estrutural que dispense o uso das lâmpada, como a Vidrofix, por exemplo.
A sequência em que as peças são coladas varia muito de acordo com o tipo de montagem e mesmo com as condições dos vidros quando são analisados durante a preparação.
Isso é algo que se aprende errando ou com pessoas mais experientes.
De qualquer forma, para colar vidro em peças complexas, é necessário fazer um planejamento da montagem, para não ser pego de surpresa durante o trabalho.
É comum, ao conhecer a cola UV, que se pense em tudo que é possível fazer com ela.
As aplicações são muitas, realmente.
Mas algumas aplicações que logo nos vêm à cabeça, como montar um lindo aquário, simplesmente não devem ser feitas com cola UV
A umidade é um fator de limitação importante ao uso das colas UV.
O adesivo, mesmo depois de curado, adsorve a umidade do ar e se degrada lentamente. Isso pode causar um descolamento após alguns meses.
Há formulações de adesivos mais resistentes à umidade. Mas nenhuma que permita imersão contínua, como em aquários, por exemplo.
Uma solução eficaz para o problema é utilizar um polímero MS Cristal para vedar o contato da cola curada com o ar.
Esse procedimento reduz a praticidade e pode até prejudicar um pouco a estética do trabalho. Mas o ganho em segurança compensa.
Obviamente, peças que não permitem a passagem da radiação UV não podem ser coladas com uma cola UV.
No segmento do vidro, é comum a necessidade de colar vidros revestidos:
Muitos plásticos, especialmente os transparentes, como PVC ou acrílico (PMMA), usam protetores UV para reduzir as alterações de coloração com o tempo.
Para resolver esse problema, foram desenvolvidos adesivos UV que também podem ser curados de outras formas.
Os fabricantes de adesivos UV precisavam reduzir as limitações que a própria cura UV impõe.
A solução veio na forma de adesivos com diversas formas de cura combinadas com a cura UV:
Essas combinações acabam alterando o processo ou o resultado da colagem.
Por exemplo, uma cura combinada com ativador pode alterar a coloração, devido à cor do ativador. E a cura com luz visível reduz o controle sobre a cura.
Por isso, o uso desses adesivos deve ser analisado cuidadosamente levando em conta o processo de fabricação.
As colas UV comuns não suportam bem temperaturas acima de 90 graus Celsius. Isso limita o uso em diversas aplicações. Especialmente quando o calor é combinado com alta umidade, como em saunas e banheiros.
Há algumas formulações especiais para resistir a temperaturas um pouco mais altas.
As colas UV são contaminadas e degradadas por alguns produtos químicos mesmo depois de curadas. Álcool e acetona são bons exemplos.
Dessa forma, deve haver alguns cuidados na limpeza das peças, mesmo pelo próprio cliente, para evitar problemas futuros.
A cola UV curada, especialmente as que são usadas para colagens estruturais, costumam ter uma dureza alta. Isso reduz a capacidade de elongação antes da ruptura. Ou seja, a cola UV não costuma ser resistente a impactos.
Também não deve ser utilizada em aplicações que exijam movimentação, como aquários, colagens de dimensões grandes entre materiais diferentes, divisórias, envidraçamentos grandes.
Existem formulações de adesivos UV com alta flexibilidade, mas que podem não oferecer a mesma resistência ou estruturação.
A remoção da cola UV ou o descolamento de peças é um problema comum. Mas ninguém quer passar por isso ao colar vidro. Peças de vidros de alto custo podem ser coladas de forma incorreta, por exemplo.
Para descolar peças, utiliza-se exatamente, das limitações citadas anteriomente.
Mas todos esses procedimentos exigem paciência e cuidado, além de não serem garantia de um bom resultado.
É muito comum quebrar ou trincar peças, ou mesmo que partes de uma peça acabem ficando presas à outra no momento da separação.
Aquecer a peça colada pode ser uma forma de fazer o descolamento. O maior problema é aquecer a peça acima de 90 graus Celsius sem danificá-las.
Uma peça grande de vidro, por exemplo, se não for aquecida por igual, pode trincar espontaneamente.
É comum utilizar sopradores térmicos para produzir um aquecimento mais uniforme, mas o sucesso não é garantido.
A imersão em água pode degradar o adesivo e facilitar o descolamento. Especialmente se for em água aquecida.
Para peças menores, é comum mergulhar toda a peça em água e aquecer até a fervura. É um processo lento e nem sempre dá certo.
Alguns produtos químicos podem degradar a cola UV depois de curada e facilitar a soltura. Álcool e Acetona são bons exemplos.
A Colas UV para vidro permitem colar vidro de formas que eram inimagináveis há alguns anos.
Mas elas já são comercializadas no Brasil há quase 30 anos. E, ainda assim, permanecem desconhecidas de grande parte das pessoas. Mesmo de profissionais de vidraçaria e marcenaria.
E para quem conhece, há a crença de que trabalhar com Cola UV é caro, perigoso ou difícil.
Mas isso não é verdade.
O trabalho com Cola UV, em geral, vale o investimento. E o investimento não é apenas no equipamento, mas no aprendizado. Ou seja, nos erros que serão cometidos de vez em quando e vão tornando o profissional cada vez melhor.
Esse post e o vídeo que está lá no início podem ajudar bastante que tem o interesse de usar a cola UV em seus projetos.